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Carlos Mendes: "O Festival da Canção não tinha esta conotação um bocado parva que tem agora"


Carlos Mendes, vencedor do Festival da Canção de 1968 e 1972, recordou a reunião que teve com o Presidente da RTP aquando da participação em Edimburgo: "Só não ganhámos porque a RTP não quis...".

Dias depois de revelar publicamente ter declinado o convite para participar no Festival da Canção 2018, como pode recordar AQUI, o cantor e compositor Carlos Mendes recordou, em entrevista ao SOL, a sua passagem pelo Festival Eurovisão em duas ocasiões, feito apenas conquistado por três cantores em Portugal: Carlos Mendes, Simone de Oliveira e Dora.

Apesar de ter entrado na faculdade no ano anterior, em 1968, Carlos Mendes venceu, contra todas as expectativas, o Festival da Canção: "O convite apareceu pelo Pedro Osório. Pelo Pedro Osório. Encontrávamo-nos no Algarve às vezes onde ele tocava o Trio Barroco. Aliás a música foi feita no Algarve. (...) Ele perguntou -me se eu gostava de ir cantá-la ao Festival da Canção que, nesse tempo, não tinha esta conotação um bocado parva que tem agora. Olha. Ganhei. Um miúdo vindo de um grupo jovem pop-rock. Foi um bocado antissistema o que deu bastante gozo." recordou, brincando dizendo que "a Simone desmaiou e a Tonicha chorou".

A projeção da vitória no Festival da Canção e da participação na Eurovisão, fez com que "me fechasse e não tenha aproveitado o impacto da vitória". Contudo, regressa em 1972, e volta a vencer o concurso: "A segunda vez foi diferente. Já estava a trabalhar e a sério (...) E tive uma classificação muito boa. Só não ganhámos porque a RTP não quis" afirmou, recordando as reuniões com Ramiro Valadão, presidente da RTP. "Estava com muita saída. Gravei em espanhol, italiano e inglês. Até era o Carlos Cruz que tratava da produção. Foi um trabalho magnífico. Foi tão bom que nos chamaram a Lisboa...Uma reunião com o presidente da RTP, Ramiro Valadão. Acontecia que, em Londres, tínhamos estado a gravar com a Parr Records, uma editora poderosa, mas que não tinha nenhum representante no Euro Festival".

O cantor recorda a enorme publicidade que a editora efetuou da sua candidatura: "Quando realizei o meu primeiro videoclipe, cantado em inglês, começou a passar nos intervalos dos filmes dos cinemas em Inglaterra. Uma vez fui a Picadilly ver Os Cães de Palha, com o Dustin Hoffmann, e dou comigo a ver-me na tela a cantar «Que venha o sol o vinho e as flores». Foi de fugir. Eu e a Ana [Maria Lucas] ficámos ali a olhar um para o outro." Contudo, Carlos Mendes garante que o resultado obtido foi combinado entre os participantes: "O Ramiro Valadão recebeu-nos no escritório dele e levantou o dedo de imediato: «Nem pensem ganhar o EuroFestival. Nem pensem! Não quero essa gente cá em Portugal para o ano». E ainda nem havia esta proliferação de países de Leste, se não imagina (...) Depois, nas reuniões preparatórias, o Dr. Bidarra, responsável da RTP, pediu para nós um honroso terceiro lugar (...) Mandaram-nos lá para sexto ou sétimo lugar".

O compositor não tem dúvidas que os resultados do Festival Eurovisão são combinados, ano após ano: "Tudo uma mentira. Ganha quem quer. Eles combinam e tantarantantam. Por isso, isso para mim não serve. Nunca mais participei em nenhum festival. Fui convidado para concorrer este ano, agora que anda tudo doido por causa do rapazinho, o Sobral, garantem que vai ser uma coisa tremenda, dos diabos, mas não me parece. Na minha altura o festival tinha importância porque não havia mais nada. Se querias aparecer ias quanto muito às associações recreativas ou um baile de vestidos de chita. Agora não. Há festivais por todo o lado."


Depois das vitórias no Festival da Canção, Carlos Mendes representou Portugal no Festival Eurovisão: em 1968, o tema "Verão" chegou ao 11.º posto da geral, enquanto que, em 1972, "Festa da Vida" alcançou o 7.º lugar com 90 pontos, a melhor classificação portuguesa até ao 6.º lugar de Lúcia Moniz, em 1996. Recorde as duas atuações de seguida:





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Fonte: SOL / Imagem: Mirante / Vídeo: Youtube
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  1. ... estão verdes ;-)

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  2. Anónimo18:59

    Não sejam tão rudes, o Sr fala com conhecimento de causa do seu tempo, não disse que agora é assim! É realmente existem histórias e não só cá da compra de vitórias como por exemplo Franco comprou a vitória Espanhola de 68’ e já foi discutido em muitos países, hoje em dia pode não ser assim, mas acredito que até a virada do milênio funcionou muito assim. E também temos de ser justos antes das privadas o FC era o que era porque não havia outras plataformas para os músicos de mostrarem, vejam bem a decadência que o FC entrou após a Sic e a TVI entrarem em funções.

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  3. Anónimo19:55

    Discordo.

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  4. Anónimo20:31

    Duvido muito que o resultado seja combinado. Principalmente hoje em dia. Claro que o juri pode falar e combinar coisas, mas em termos de televoto duvido. E depois olhemos para o exemplo deste ano: se fosse combinado a EBU nao tinha posto Portugal em primeiro em ambas as votações e a Bulgaria em segundo em ambas... Iria arranjar uma maneira de ser mais capturante do tipo nos ganhamos o juri mas ficos em segundo no televoto e temos de ver se a bulgaria passa... Enfim...
    No entanto nao duvido que a RTP na altura nao quisesse ganhar, na altura ainda era super conservadora... Alias a ver estes comentarios do tal Valadao ate me sinto incomodado por serem tao xenofobas...

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  5. Anónimo21:30

    Nos tempos de hoje o país vencedor pode negar a pasta de organização e passar a outro interessado?

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  6. Anónimo22:26

    Aí o homem..."tudo doido por causa do rapazinho,o Sobral". Assim o destino reservou esta Vitória, bem merecida e vamos ter um grande Festival. Que corra tudo bem!

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  7. Anónimo00:47

    O Sr. Carlos Mendes sempre disse o que diz e tem toda a razão! E se ele estivesse "aziado" ou quisesse protagonismo não precisava desta entrevista para o evidenciar.

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  8. Humbelino Ulrico00:59

    Adoro esta altura do ano, antes do festival. A peixeirada inerente a muitos Portugueses demonstra-se aqui nos comentários, onde se escabelam como deve ser LOL

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  9. Três perguntas a que adoraria Carlos Mendes respondesse:
    1.Se o Festival tem tão pouco nível, por que razão apresentou, em 1995, o programa Seleção Nacional, em que jovens em princípio de carreira tentavam representar Portugal no ESC, onde, segundo as suas palavras, as classificações são combinadas? Não pensou que estaria, afinal, a prejudicá-los, iludindo-os?
    2. Por que motivo diz que não voltou a participar (depois de 1972), se em 1980 concorreu, como compositor, com a canção “Alegria em mi maior”, presente (e eliminada) numa das semifinais)?
    3. Por que razão aceitou fazer parte do júri regional (por Lisboa) em 2017?
    3. Considera que o Festival da OTI era melhor do que o ESC? É que em 1977 concorreu a um pequeno FC organizado pela RTO para seleção da canção para esse festival, ficando em segundo lugar com o (aliás belíssimo) tema "Amélia dos olhos doces" - a vitória e consequente representação portuguesa foi para uma fraquíssima canção de Paulo de Carvalho ("Amor sem palavras").

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