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30 anos de "Lusitana Paixão"

Foi há sensivelmente trinta anos que Dulce Pontes maravilhou os portugueses e o mundo, com uma extasiante performance no Festival Eurovisão da Canção de 1991, em Itália. Lusitana Paixão faz parte do leque restrito de músicas que representaram Portugal no prestigiado festival e ainda hoje ecoam nos nossos corações. E pode-se mesmo dizer que o momento proporcionado por Dulce Pontes no palco do Cinecittà perdura na nossa memória coletiva.


Lusitana Paixão, um espelho da alma lusitana

"Lusitana Paixão" é uma música que aborda diretamente a tristeza do Fado e o facto de, enquanto portugueses, estarmos condenados a sofrer com a saudade e os amores passados. O poeta Teixeira de Pascoaes, um dos principais protagonistas do movimento estético e literário que havia de ficar conhecido por saudosismo, definiu a saudade como “o desejo pela coisa ou ser amado, junto com o luto da sua ausência”. Este sentimento contraditório que liga o desejo e o luto, o físico e o espiritual, o passado e o presente, é sem sombra de dúvida uma dos traços definidores da alma portuguesa.

Com música de Jorge Quintela e José da Ponte, letra de Fred Micaelo e José da Ponte, e orquestração de Fernando Correia Martins, Lusitana Paixão é realmente um trabalho ímpar da música portuguesa e um dos seus maiores sucessos de sempre. A fantástica interpretação por parte de Dulce Pontes é a cereja no topo do bolo de uma composição que representa, neste sentido, a alma de uma nação inteira. No Festival Eurovisão da Canção, a balada conquistou um total de 62 pontos, que se traduziu num honroso 8º lugar entre 22 países participantes (que continua a ser uma das melhores pontuações conseguidas por Portugal). Relembrar que, nesse ano, a canção vencedora foi Capturada por uma Tempestade de Vento, da cantora sueca Carola Häggkvist.

 

A doce Dulce Pontes

Quando subiu a palco para interpretar Lusitana Paixão no Festival RTP da Canção, Dulce Pontes, apesar de muito jovem, já não era estranha ao público português. Uns tempos antes participara no popular programa Regresso ao Passado, também da RTP, como cantora residente, onde mostrou todo o seu talento e capacidade vocal desde a primeira até à última emissão. Mas mesmo antes de ser uma cara conhecida da televisão, Dulce Pontes já havia pisado dois dos maiores palcos do país. Tinha entrado nas comédias musicais Enfim Sós e Quem Tramou o Comendador, no Teatro Maria Matos, e integrou o espetáculo Licença para Jogar, no Casino Estoril – apesar de ser notório principalmente pelas suas mesas de jogo e hospedar importantes torneios de poker, o Casino Estoril é também um local de extrema importância cultural, com uma programação artística bastante rica e diversificada.

Foi enquanto cantora, no entanto, que haveria de se tornar um sucesso internacional. A prestação na Eurovisão foi bastante aclamada pela crítica, e, portanto, a curiosidade era muita quando foi anunciado que o seu primeiro disco, Lusitana, iria ser lançado em 1992. Este primeiro trabalho, numa vertente mais pop, ficou ligeiramente aquém do esperado, mas não demorou muito até se confirmar o talento da cantora. Logo no ano seguinte lançou Lágrimas, um álbum de imenso sucesso que catapultou Dulce Pontes para a montra internacional, passando a ser vista como a sucessora de Amália Rodrigues – uma expectativa que acarreta um peso enorme. Deste álbum lançado em 1993 fazia parte A Canção do Mar, a emblemática música que foi tema de abertura da famosa telenovela brasileira As Pupilas do Senhor Reitor e fez parte da banda sonora do sucesso de Hollywood, Primal Fear (protagonizado pelas estrelas Edward Norton e Richard Gere).

A partir daí a sua carreira desenrolou-se naturalmente, produzindo inúmeros sucessos, mostrando-se uma artista de grande versatilidade e criatividade, e trabalhando com vários artistas de renome do cenário mundial, como o maestro Ennio Morricone e Caetano Veloso. Todos estes êxitos foram compilados recentemente num Best Of, lançado no final de 2019.

Dulce Pontes foi uma das grandes estrelas que “nasceu” num Festival Eurovisão da Canção. Parece que não, mas foi há já trinta anos.

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