A emissora australiana SBS foi chamada a explicar a sua decisão de continuar a participar no Festival Eurovisão 2026 durante uma audiência no Senado australiano, realizada em Canberra.
De acordo com o TV Tonight, a questão foi levantada pela senadora Mehreen Faruqi, vice-líder dos Verdes Australianos, que questionou a emissora pública sobre uma eventual retirada da competição caso Israel fosse autorizado a participar no certame de 2026, que se realizará em Viena.
A diretora-geral interina da SBS, Jane Palfreyman, respondeu sublinhando o compromisso da emissora com a imparcialidade: "Estamos cientes de que essas são questões de profunda preocupação. O que eu diria é que a imparcialidade é um alicerce de quem somos e da nossa razão de ser e, como tal, não nos cabe formar uma opinião sobre isso. É uma questão para a EBU/UER. Estamos cientes de que eles farão uma votação com os membros em novembro e aguardaremos ansiosamente o resultado disso.".
O senador David Shoebridge, também dos Verdes, questionou qual seria a posição editorial da SBS após a Comissão de Inquérito da ONU ter concluído que Israel está a cometer genocídio contra o povo palestiniano em Gaza. A diretora de Assuntos Corporativos da emissora, Clare O'Neill, defendeu a manutenção da transmissão, referindo-se à longa ligação da SBS ao evento: "Transmitimos a Eurovisão há 40 anos. É um evento muito acarinhado pelo nosso público. Como foi dito anteriormente, acho que a decisão de não transmitir a Eurovisão devido às ações de um Estado sobre o qual também fornecemos notícias e cobertura de atualidades contradiria nossa exigência de imparcialidade e cobertura imparcial."
A senadora Faruqi insistiu que a questão não dizia respeito à cobertura jornalística, mas sim à decisão de colocar no ar um artista de um país envolvido num genocídio. A resposta de O’Neill reforçou a posição institucional da SBS: "Se tomássemos uma decisão corporativa de não transmitir o programa devido às ações de um determinado Estado, estaríamos enviando uma mensagem sobre as opiniões da SBS a respeito, o que poderia levar as pessoas a questionar nossa cobertura editorial. Eu também diria que ainda não é certo que Israel competirá no evento, porque haverá uma votação em novembro com os estados-membros da EBU/UER.".
De realçar que a SBS sendo membro associado da EBU/UER não participará na votação de novembro na Assembleia Extraordinária sobre a manutenção (ou não) de Israel na lista de concorrentes do Festival Eurovisão.
A Austrália estreou-se no Festival Eurovisão em 2015, tendo como melhor resultado o 2.º lugar em 2016, ano em que foi representada por Dami Im e "Sound of the Silence". Em Basileia, o país foi representado por Go-Jo e "Milkshake Man", com a candidatura a terminar em 11.º lugar com 41 pontos, a 10 pontos do apuramento para a Grande Final, repetindo a classificação e a pontuação obtidas em Malmö.
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