Lejla A. Babović, antiga chefe de delegação da Bósnia Herzegovina, comentou a ausência do país do Festival Eurovisão.
Em entrevista para o programa “Jutro za sve”, Lejla A. Babović, antiga chefe de delegação da Bósnia Herzegovina, abordou a ausência do país do Festival Eurovisão. Segundo a mesma, a ausência do país desde 2016, deve-se a razões financeiras, e à atual situação política do concurso. Segundo Lejla, "assim que a BHRT tenha uma fonte estável de financiamento, a Bósnia Herzegovina poderá regressar. Tal seria feito com a ajuda de patrocinadores e publicidade. O Festival Eurovisão não é algo que a BHRT, ou qualquer emissora pública, consigam financiar sozinhas. Até a RTS, com um orçamento anual de 170 milhões de euros, depende de patrocinadores. Em comparação, a BHRT só tem 15 milhões, às vezes ainda menos".
A dívida da BHRT face à EBU, foi também abordada por Lejla A. Babović: "Tenho de elogiar o governo atual. Eles estão realmente a tentar, ao contrário dos governos anteriores. No entanto os resultados ainda não são os desejados. Este problema não começou ontem. Desde 2017, tem sido varrido para debaixo do tapete. Toda a gente pensou que a EBU iria simplesmente perdoar-nos a dívida como fez no passado, mas isso não aconteceu".
Segundo Babović, a atitude da EBU face à Bósnia Herzegovina mudou, e considera que contrasta com o tratamento recebido pela Ucrânia: "Eles perdoaram algumas das nossa dívidas até 2004. Mas em relação ao apoio que a Ucrânia recebe atualmente, é incomparável. A Ucrânia tem o total apoio da EBU, algo que a Bósnia Herzegovina nunca teve".
A evolução do concurso, é também uma preocupação para a antiga chefe de delegação: "O Festival Eurovisão é tudo menos um concurso de música. É sobre staging, efeitos, e dinheiro. Competir com países como a Suécia e a Alemanha, com orçamentos quase ilimitados, não é realista para nós. Contudo, a Bósnia Herzegovina pode contribuir com qualidade com letras com significado, canções fortes, e vozes incríveis. Esse é o nosso ponto forte".
Para além das razões financeiras, Lejla A. Babović comentou ainda aquilo que considera ser os double standards da EBU: "Tudo isto é a minha opinião pessoal. Depois da Rússia invadir a Ucrânia, a EBU rapidamente expulsou a Rússia do concurso sem considerar as implicações financeiras. A decisão deixou um grande rombo financeiro, que tanto a EBU como as restantes emissoras sentiram. Com Israel, contudo, não tomaram a mesma decisão. Não entendo. Se a Rússia está fora, então pela mesma lógica, a KAN deveria ficar de fora algumas edições".
Apesar das referidas questões políticas e económicas, Lejla Babović deixa em aberto a possibilidade do país regressar em 2026: "se pagarmos a dívida até novembro e começarmos a trabalhar a sério, poderíamos regressar em 2026. Mas isso requer esforço de BHRT, do Estado, de patrocinadores, e de pessoas para escolher a canção certa para podermos regressar como concorrentes sérios".
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