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[OPINIÃO] De Lisboa a Guimarães rumo ao Festival da Canção 2018


"De Bragança a Lisboa são nove horas de distância": de Lisboa a Guimarães são apenas quatro. O ESCPORTUGAL foi ao Festival da Canção 2018 num autocarro e conta-lhe tudo o que se passou naquele dia.


12 horas de 4 de março. Local? Sede da RTP, em Lisboa. Catorze pessoas, um autocarro. Dois motoristas e um só destino: Guimarães, mais propriamente o Pavilhão Multiusos. Entre elementos da RTP, jornalistas, fotógrafos e bloggers, o ESCPORTUGAL marcou presença com o grupo de Lisboa que se deslocou à final nacional portuguesa para o Festival Eurovisao 2018. Durante quatro horas de viagem entre a capital e a cidade berço, diversas conversas marcaram a viagem, mas um tema destacou-se: o Festival da Canção. Quem representará Portugal em Lisboa? Será que as expectativas criadas em torno de certas candidaturas irão refletir-se nos resultados? Estas questões foram sucessivamente inseridas na conversa, que continuou na pausa efetuada na Mealhada (mesmo que um dos compositores finalistas ocupasse a mesa ao lado).


Guimarães, 17h00. O autocarro da comitiva da RTP, apelidado por muitos como o 'Autocarro da Airlino0, chega a Guimarães, sendo recebidos com um outdoor a fazer alusão ao Festival da Canção. Apesar das ameaças de chuva e com algumas horas até à abertura das portas do Multiusos, metade do grupo optou por aproveitar o tempo livre para conhecer um pouco a cidade. A subida para o castelo foi interrompida em mais do que uma ocasião: algumas para tirar fotografias com publicidades do certame, outras para responder a algumas perguntas de fãs curiosos (a chuva obrigou-nos a utilizar alguns guarda-chuvas com publicidade à RTP... ), que nem pensavam duas vezes antes de parar o carro... em plena rotunda.


Se a curiosidade das pessoas era notória no centro histórico, a dos fãs que estavam nas proximidades do Multiusos de Guimarães era enorme. Ai, o editor do ESCPORTUGAL que se deslocava de Lisboa junta-se à restante equipa do site, estes sobretudo do Norte e Centro do país. Levantados os bilhetes para os 12 elementos a equipa, todos se deslocam até ao self service da arena. Foram momentos de plena cavaqueira e de alguns atritos amigáveis, em que cada um puxava a brasa à sua sardinha e defendia os seus favoritos. Sim, porque apesar de sermos uma equipa e de todos os dias estarmos em permanente contacto, na grande maioria das vezes (ou melhor, quase sempre), temos gostos bastante distintos.


Enquanto as restantes mesas do self service eram ocupadas pelos responsáveis do Festival da Canção e dos cantores e músicos  que, dentro de pouco tempo, iriam subir ao palco, o tempo entre nós foi de amizade, fotos e muitas brincadeiras. Até que chegou o momento para nos deslocarmos para o interior da arena. deslocámos-nos para o interior do Multiusos. Ainda com todos os lugares vazios, aproveitou-se o momento para mostrar a todos os leitores do ESCPORTUGAL tudo o que poderiam ver muito em breve na televisão. E a alegria nos comentários foi tão grande, que os diretos duplicaram e prolongaram-se por longos minutos... Também gostamos de partilhar as alegrias com aqueles que nos seguem.


Depois de sentados nos lugares (e de sermos levados pelo furor festivaleiro que muitos dos presentes manifestavam), eis chegado o momento de apreciar a chegada das claques e começar a preparar as gargantas para o que se aproximava. Mas é caso para dizer "Quem te viu e quem te vê, Festival da Canção 2018"! Depois de duas semifinais que testaram os limites fisiológicos, a Grande Final abriu com uma atuação digna... de uma Eurovisão. E se o Festival da Canção serviu de ensaio geral para Filomena Cautela, atrevo-me a dizer que, para Pedro Fernandes, foi a prova de que está na corrida para a apresentação quando Portugal voltar a ganhar o concurso.


E eis chegadas as canções. Rui David não teve medo e abriu as hostilidades da gala, com uma atuação mais bem conseguida do que vimos na semifinal. Contudo, depois de um apuramento à justa, estava longe de pensar que o tema de Jorge Palma viesse a ocupar o top5 da noite. Depois do candidato apurado na segunda-feira seguinte à primeira semifinal, seguiu-se a apurada de terça-feira após a segunda semifinal: Susana Travassos. A mensagem de Aline Frazão apenas passou para os jurados, tendo o público empurrado a candidatura para o 10.º lugar. O ambiente estava longe de aquecer na sala...


Do outro lado do Atlântico veio Peter Serrado com a única canção em inglês a apurar-se para a Final, levando todos os espectadores para a América dos anos 90. Merecia um bocadinho melhor... mas o nulo do júri já era expectável. Seguiu-se Joana Espadinha: com uma das maiores claques da transmissão, a cantora não conseguiu soltar-se perante os 3 mil espectadores (e o quase milhão que via na TV) e fez uma atuação muito morna para o que o tema pedia. A temperatura amena manteve-se na atuação seguinte: "O Voo das Cegonhas", uma das melhores obras-de-arte desta edição, não conquistou nem os presentes nem os telespectadores. Faltou vento, faltou força... faltou altitude ao voo da cegonha.


Mas se o ambiente estava ameno, tudo mudou com a subida ao palco de Catarina Miranda. Apontada como uma das possíveis vencedoras do concurso, "Para Sorrir Não Preciso de Nada" recebeu uma das maiores ovações da noite, colocando a cantora na luta contra os nervos. Foi, de longe, a minha favorita, mas como sempre... nunca acerto. Contudo, foi um dos momentos mais bonitos vividos no Festival da Canção 2018.


A Joana Barra Vaz foi entregue outra das grandes canções do ano, "Anda Estragar-me os Planos". Muito mais solta que na semifinal, a cantora foi uma das que mais melhorou comparativamente com as eliminatórias, mas a melhoria foi insuficiente para ser pontuada pelo público português. É pena... Seguiu-se "Amor Veloz", defendido por David Pessoa. Não tenho nada a apontar sobre a candidatura: simplesmente, ouve-se, gosta-se... mas duas canções depois não me lembrava qual era a canção n.º 8.


Com a vitória do Salvador Sobral em Kiev, apareceu a ideia que não é preciso uma canção ser festivaleira para ter um bom resultado na Eurovisão. Não discordo... Discordo é da consequência dessa ideia, que faz com que não haja canções festivaleiras no Festival da Canção. A forma como o público de Guimarães acompanhou a canção de Minnie e Rhayra (houve aplausos durante toda a atuação) mostrou que esse tipo de canções faz (muita) falta ao Festival da Canção! E essa foi uma das grandes carências do ano...


Depois da alegria geral, o Multiusos de Guimarães voltou à melancolia com "(sem título)", defendida por Janeiro. Nunca foi das minhas favoritas, apesar de considerá-la uma grande e bonita canção. Simplesmente, é daquelas grandes canções que se ouve esporadicamente... e mais nada. O mesmo digo de "Bandeira Azul": uma bonita canção, muito bem defendida por Maria Inês Paris (sem dúvida, que esteve 10 vezes melhor que na atribulada semifinal), mas que deixa um sentimento de "falta aqui alguma coisa".



Mas se houve injustiça este ano, esta injustiça tem o nome de Anabela. Vencedora do Festival de 1993, Anabela regressou ao concurso pela mão de Fernando Tordo com "P'ra Te Dar Abrigo", canção que nos transporta para o universo brasileiro. Uma canção descontraída, animada e extremamente bem defendida... ficou a zeros na votação do júri. Valha-nos a votação do público que soube remediar a asneira do júri e colocou Anabela na sexta posição da geral.


Seguiu-se a candidata que arrecadaria a vitória do Festival da Canção 2018. Cláudia Pascoal foi aplaudida efusivamente antes do começo da canção, mas soube controlar a emoção e defendeu "O Jardim" de forma bastante convincente. Gostei mais da atuação da semifinal e sinto que a canção peca por não ter um ponto alto... Mas há 30 segundos que podem ser utilizados e espero que até maio tal venha a acontecer. Mas acima de tudo, temos uma grande canção para nos representar em casa!

A Peu Madureira, candidato escolhido por Diogo Clemente, coube a tarefa de encerrar a gala. Uma grande canção, uma grande voz... e uma grande camada de nervos. No entanto, o cantor agigantou-se e fez uma grande interpretação, digna de um terceiro classificado no Festival. E, quando mal notámos, estavam apresentadas as 14 canções na corrida para representar Portugal na Eurovisão.


Com o intervalo a surgir, a conversa sobre quem ganharia o Festival reacendeu entre os diversos elementos do ESCPORTUGAL, mas desta vez juntando algumas pessoas sentadas ao nosso redor. Cláudia Pascoal, Catarina Miranda e Peu Madureira reuniram as preferências, havendo também que defendesse que Janeiro poderia estar na corrida e Anabela faria mossa nalguns dos potenciais vencedores. Mas seguiram-se as homenagens: enquanto recordar as DOCE colocou toda a arena de pé a dançar, a homenagem a Simone de Oliveira arrecadou o maior aplauso da história do concurso (e bem merecido). E que bom foi ver a Áurea e a Marisa Liz no palco do Festival da Canção...

Atuou a Luísa Sobral. "Maria do Mar" arrecadou um grande aplauso mas, momentos depois, a pergunta era só uma: E o "Amar Pelos Dois"? Contrariamente ao que todos pensavam, o tema vencedor da edição passada do concurso e responsável pelo maior feito da história de Portugal no Festival Eurovisão ficou confinado a algumas imagens do documentário produzido pela RTP. Pena... Muita pena. Foi provavelmente o grande erro desta edição do Festival da Canção.

Ganhou a Cláudia Pascoal! Catarina Miranda (começo a pensar que o nome Catarina é sinónimo de segundo lugar nas lides festivaleiras) em segundo lugar, com igual pontuação. Independentemente das preferências de cada um, todos respeitaram a vencedora que, a partir de 4 de março, é a nossa canção. A canção que nos representará na 1.ª edição do Festival Eurovisão que será sediada em Portugal.

E agora? Como reagiram os estrangeiros à nossa escolha? Conseguiremos a dobradinha? Eram algumas das perguntas que se ouviam no autocarro, desta vez com o dobro dos ocupantes, entre aqueles que resistiam ao sono. A chuva acompanhou a comitiva até Lisboa, onde chegou perto das 6h. A chuva e os elogios ao "O Jardim" têm aumentado nos últimos dias: mas atenção... "a água a mais alaga qualquer jardim".



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Fonte/Imagem: ESCPORTUGAL / Vídeo: RTP
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  1. Anónimo07:53

    Excelente artigo Nuno! Fica descançado que eu também nunca acerto!

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  2. Rui Ramos08:19

    Fico contente por o "nosso" escportugal ser tão bem tratado. Merecem, porque mesmo quando o FC e o ESC estavam na mó de baixo voces aqui estavam sempre a dar-nos as novidades todos os dias. Bem hajam e continuem

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