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[OPINIÃO] Nuno Carrilho comenta o Junior Eurovision Song Contest 2014


O pequeno arquipélago de Malta recebeu, na noite passada, o primeiro evento eurovisivo da sua história: o Junior Eurovision Song Contest 2014. A 12.ª edição, organizada no dia de aniversário da competição, ficou marcada não só pelo aumento do número de participantes, mas também pelo aumento da qualidade e do interesse internacional pelo certame infantil. 

Malta, um dos países onde a chama eurovisiva deflagra com maior intensidade, engalanou-se para sediar a primeira competição eurovisiva no seu território, depois de ter adquirido esse direito com a vitória de Gaia Cauchi em novembro de 2013, na capital ucraniana. Desde cedo, a emissora maltesa comprometeu-se com a EBU em fazer os máximos para remodelar o certame e os resultados foram evidentes: um aumento do número de participantes, o reforço da qualidade das composições e das produções e um enorme aumento do interesse internacional.

A gala, sediada no Marsa Shipbuilding, estaleiro que receberá a final nacional do país no próximo fim-de-semana, teve início com a transmissão de imagens do avião de origami, imagem de marca da edição, a sobrevoar alguns dos locais mais conhecidos do arquipélago. Logo de seguida, iniciou-se a apresentação individual dos dezasseis participantes, sendo que Moira Delia, a primeira apresentadora a solo da competição, abriu as hostes do espetáculo, enunciando os primeiros quatro países a subirem ao palco.


Bielorrússia - Com a difícil tarefa de abrir a noite, Nadezhda apresentou-se em palco fantasiada de índia, sendo a única comitiva a fazê-lo. A alegria reinou durante os três minutos da atuação, não havendo grandes falhas a resalvar. No entanto, ao contrário de todos os prognósticos, o 'falcão bielorrusso' não subiu tanto quanto se esperava, tendo apenas conquistado o 7.º posto da tabela classificativa.

Bulgária - Uma das favoritas à vitória seguiu-se no alinhamento. Pessoalmente, apesar de gostar do tema, 'Planet of the children' deixava, no videoclip, muito a desejar. No entanto, na noite passada, Krisia teve uma das melhores prestações da edição, o que aliado a uma das mais bem conseguidas apresentações de palco, tornou a Bulgária numa digna candidata à vitória, algo que foi bastante visível na votação. Uma das melhores candidaturas do ano e merecedora, sem qualquer sombra de dúvidas, do lugar obtido: o 2.º posto. Esperemos que este estrondoso resultado seja suficiente para o país continuar na competição...

São Marino - Naquela que foi a segunda participação do país, São Marino apostou, desta vez, num grupo feminino. As cinco jovens, as mais velhas a concurso, conseguiram transmitir toda a energia que o tema merecia. Porém, depois de ouvidos todos os temas, este era facilmente esquecido... Talvez por essa razão, pela geografia europeia ou até pela política, São Marino continua a figurar no fundo da tabela classificativa, tendo sido pontuado apenas por Itália e Malta e conquistando a 15.ª (e penúltima) posição, com 19 pontos. Mereciam muito mais... mas talvez para o ano as coisas corram melhor!

Croácia- Aquando do anúncio do regresso do país à competição, achei bastante estranho... mas pensei que a proposta seria digna do regresso e que lutaria pela vitória (era a única explicação). No entanto, o tema... a prestação... a voz... foi tudo terrível. Sem qualquer sombra de dúvidas, foi a pior prestação dos últimos anos da competição. O tema deixa muito a desejar e a voz da cantora foi temível, tendo sido muito prejudicada pelos nervos que transmitiu durante toda a atuação... Mas até o visual falhou... Com o devido respeito, a Croácia devia ter ficado em casa! Valeu-lhes São Marino, único país a pontuar a participação, o que não livrou a Croácia, que comemorava o 11.º aniversário da sua vitória na primeira edição, o último lugar da classificação. Muito dificilmente veremos a Croácia na próxima edição, digo eu...


Seguiu-se o primeiro interval act da gala, com um grupo de jovens a subir ao palco com uma prestação a lembrar a participação de Danny Saucedo no Melodifestivalen 2012. A apresentadora apelou aos telespetadores a visitarem o arquipélago de Malta, tendo depois anunciado os quatro países seguintes.


Chipre- Como o disse em diversas ocasiões, Sophia Patsalides levou a Marsa o meu tema favorito da competição. Com uma atuação bastante segura, a jovem cantora defendeu, sozinha, um dos temas mais energéticos da edição, que em muito se parecia com o "nosso" Mea Culpa. A não inclusão de bailarinos surpreendeu pela negativa, mas o uso de um visual bastante jovem e sem grandes exuberâncias fez-nos ter consciência que estamos num concurso infantil... A interação com o público foi uma das mais abrangentes, algo que não combina com o resultado obtido: o 9.º posto com 70 pontos. Sem dúvida, merecia muito mais e custa-me entender os quatro 'null points' alcançados.

Geórgia - Com uma interpretação bastante segura e bastante interativa com o público presente no local, Lizi Pop conseguiu, inexplicavelmente, a pior classificação de sempre do país. O tema não era dos melhores, há que ser sincero, mas a atuação foi uma das mais bem conseguidas da edição. Não foi um Happy Day para o país, que nem mesmo com a pontuação máxima da Arménia superou o 11.º posto com 54 pontos.

Suécia - O único país escandinavo a concurso continua a não conseguir singrar no JESC e nem mesmo a fórmula Thomas G:son consegue dar frutos! Julia esteve bastante bem em palco, apesar do nervosismo que era visível pela tremura constante do microfone. Contudo, o tema não ficou na cabeça dos europeus, tendo sido pontuado por apenas cinco países. Apostará a Suécia num registo bastante adulto para o JESC? Esperemos que o país tenha mais sorte na próxima edição...



Ucrânia - Apesar de não ter convencido os europeus aquando da vitória na final nacional, o trio Sympho-Nick encantou na noite passada. Numa atuação onde a natureza, aliada à inocência e à simplicidade, esteve em principal plano, o trio teve uma das melhores prestações vocais. Apesar de facilmente esquecida, a candidatura ucraniana conquistou o 6.º lugar na classificação final, muito além do inicialmente esperado.





Outro interval act de dança (há que realçar que a emissora anfitriã foi a emissora de Malta... conhecida por prolongar as suas emissões) ocupou o palco do Marsa Shipbuilding, onde o preto e branco aliados ao futurismo foram os principais destaques, tendo a prestação terminado ao som do hino da Eurovisão. A apresentadora, com um novo vestido, voltou a ter tempo de antena e anunciou as quatro candidaturas seguintes.


Eslovénia - Naquela que foi a sua estreia na competição infantil, a Eslovénia tornou-se (injustamente) o flop da edição. Apontada como uma das candidatas à vitória e com uma das prestações mais bem conseguidas, a pequena Ula Lozar quedou-se na 12.ª posição, não encontrando qualquer justificação para essa terrível injustiça. Não há muito mais a dizer, visto que a cantora transmitiu tudo durante a atuação! De lamentar esta injustiça... merecia ficar nos primeiros lugares!



Montenegro- Seguiu-se outro dos países estreantes nesta edição. Montenegro, e não 'Montenengro' como está escrito no site oficial da competição, levou a Marsa um dos temas mais desinteressantes do ano!  Em contraste, a prestação das duas jovens em palco foi bem conseguida, mas não suficientemente boa para elevar a classificação do país, que se quedou na 14.ª posição, pontuado por apenas três países. Classificação mais que justa, apesar de tudo...

Itália - O único intérprete masculino a solo da competição seguiu-se no alinhamento. E como descrever aquela interpretação? Se estivéssemos na competição sénior, era mais que normal... Mas estamos na presença de um jovem de 14 anos, que deu tudo em palco. Uma prestação completamente sensacional e memorável! Apesar de tudo, surpreendeu-me a vitória por uma simples razão: no JESC, e no próprio ESC, nem sempre a qualidade é devidamente apreciada. É, sem qualquer dúvida, uma das melhores canções vencedoras do JESC! De realçar que o idioma italiano voltou a "vencer" uma competição eurovisiva, vinte e quatro anos depois do triunfo de Toto Cotugno.

Arménia - Se a vitória italiana me surpreendeu, ver a Arménia lutar pela vitória surpreendeu-me em dobro. O tema não me convenceu na final nacional e foi passado para segundo plano... Mas é caso para dizer: 'quem te viu e quem te vê'! A alegria reinou durante toda a atuação e o efeito cénico criado pelas tiras de tecido foi um dos mais bem conseguidos (não se admirem de vermos um igual em Viena)... Uma completa surpresa a classificação, mas um pouco exagerada, na minha opinião.



E mais um interval act se seguiu, que nos relembrava que estávamos a assistir a uma emissão da PBS. Diretamente da green room, instalada no meio do recinto, a apresentadora revelou os últimos quatro participantes, levando o público ao rubro aquando do anúncio da representante de Malta.


Rússia - Se a Eslovénia flopou apostando na simplicidade, a Rússia triunfou usando a mesma fórmula! A doçura transmitida no direto "ocultou" a má imagem do país no panorama mundial e o ar angelical catapultou a Rússia para o quinto posto da geral, depois de três edições consecutivas a ocupar o quarto posto. Pessoalmente, trocava, na classificação, a Rússia pela Arménia...

Sérvia - No regresso às lides eurovisivas, a Sérvia apostou na qualidade... mas a aposta ficou muito aquém das expetativa! A prestação em palco não fez com que a participação fosse memorável, tendo sido ofuscada por atuar entre a Rússia e Malta. Apesar de ter passado a maioria da atuação a 'olhar para o abismo', a cantora conseguiu a melhor classificação entre os países da antiga Jugoslávia: o 10.º posto. Classificação justa, mas muito acima do esperado depois de ver o direto.


Malta - A grande favorita à vitória, Federica Falzon seguiu-se no alinhamento. Com o maior poder vocal da edição e com uma atuação de arrepiar, a jovem levou ao rubro o Marsa Shipbuilding. Não há qualquer ponto negativo a mencionar da prestação, muito pelo contrário. A reação do público no decorrer do tema foi estrondosa e tornou-se um dos pontos fortes da prestação maltesa. Tenho pena de ter ficado fora dos três primeiros classificados, mas foi bastante merecedora do quarto posto alcançado. 

Holanda - Julia teve, na noite passada, duas das mais díficeis tarefas do JESC2014: atuar na última posição e atuar após a comitiva anfitriã. No entanto, a cantora esteve aquém do desafio, superando-o melhor do que esperava! Só faltou um pouco de movimento à cantora no decorrer da atuação para esta se tornar perfeita. Esperava uma classificação bastante baixa por parte da Holanda, tendo uma grande surpresa aquando do fecho da votação: o 8.º posto para a Holanda estava muito além do que esperava...


Seguiram-se os habituais recaps da votação e um interval act marcado pela enorme duração, tendo sido encerrado pela atuação de Gaia Cauchi com uma nova versão do tema com que venceu em Kiev: The Start. A votação começou e, no decorrer dessa, aconteceu o pior desta edição do JESC: o fanatismo dos espetadores presentes que ansiavam por uma vitória de Malta levou a que a comitiva búlgara fosse apupada cada vez que recebia uma das pontuações mais elevadas. No entanto, não foi a Bulgária que levou o título para casa, mas sim a comitiva italiana. 

Estaremos, em 2015, a assistir a uma emissão em território italiano? Ou será outro país a sediar? E teremos um aumento dos países participantes? E será que os estreantes/retornados deste ano continuarão em competição depois dos resultados? E Portugal? Regressaremos ao concurso? Tantas perguntas... e as respostas apenas chegarão nos próximos meses.


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Fonte: ESCPORTUGAL / Imagem: JuniorEurovision / Vídeo: YOUTUBE
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  1. Miguel Matias00:09

    Muito boa análise. Parabens

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  2. Andre01:34

    Concordo a 200% com tudo o que foi escrito! E fico feliz por saber que não sou a denotar as parecenças do tema cipriota com o "Mea Culpa"! Bem podiam convidar o Nuno Carrilho para comentar os eventos da Eurovisão num dos programas da RTP! Fica a dica!
    APWN

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  3. Anónimo09:06

    Até aqui se fala no Mea Culpa?? por amor á santa... O Mea Culpa é a versão adulta de "Canta por mim" e esta canção do Chipre é a versão profissional e bem produzida de "Mea Culpa

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  4. Anónimo14:15

    itália só ganhou isto graças ao seu país vizinho são marino!! enfim... deram 12 pontos à itália e 0 à bulgária... ridiculo!

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  5. Anónimo14:28

    No youtube vi comentarias a dizer que o publico vaiou porque eles pensavam que a Croácia daria 12 pontos à Malta e deram à Bulgária. É verdade?

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  6. Ainda comparando Chipre JESC2014 c Mea Culpa - Alem de tudo mais, ha os recursos vocais da menina cipriota,q ultrapassam os de Catarina Pereira "a brincar". Ou pelo menos a adolescente cipriota sabe como utiliza-los devidamente.Catarina Pereira,nomeadamente ao vivo no FC, vocalmente FRACA,desafinada

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